Porto, a história com sabor e cor
Passear pelas ruas do Porto é uma experiência inesquecível. Além da arquitetura medieval, a cidade é sinônimo de vinhos fantásticos que na verdade são armazenados na cidade vizinha, em Vila Nova de Gaia, e produzidos em toda a região que margeia o Rio Douro. Além de bons portugueses de mesa tintos ou brancos, com teor alcoólico médio de 13%, o lugar é repleto de vinhos do Porto que podem ser doces, secos, extrassecos, brancos ou tintos.
A característica mais marcante de um vinho do porto é o sabor naturalmente doce. Isso ocorre porque a fermentação não é completa, o que deixa o açúcar natural das uvas mais em evidência e o álcool bem concentrado, entre 18 e 22%. Por isso é bom ter cuidado nas degustações, pois ele “pega” muito rápido se consumido com um pouco de excesso. Se você quiser manter a linha, o segredo é tomar apenas meio cálice de cada vinho que aparecer.
Resumidamente, os três mais importantes tipos de vinho do Porto são o Branco, Ruby e Tawny. O primeiro é jovem e frutado, feito apenas com uvas brancas. O segundo, devido ao pouco contato com a madeira dos barris de carvalho, oxida pouco e, por isso, mantém o aspecto de vinho jovem. Por fim, o Tawny, que fica mais tempo nas pipas e, consequentemente, tem alta taxa de oxidação o que muda até sua cor, que passa a ser âmbar (uma mistura de laranja e amarelo).
Os vinhos do Porto devem ser tomados a 12°C e possuem várias categorias, entre as principais:
Standard – envelhece por até três anos e logo é engarrafado. Mais barato e simples.
Reserva – produzido a partir de uvas selecionadas de grande qualidade.
LBV (Late Bottled Vintage) – produzidos a partir de uma só colheita considerada perfeita. Pode ser tomado logo após o engarrafamento.
Vintage – é a mais alta classificação de um vinho do Porto. Só deve ser tomado após quatro anos na garrafa.
Segunda maior cidade de Portugal, o Porto é o lugar perfeito até para quem aprecia pouco a bebida de Bacco, produto cujo consumo, em 2006, foi de apenas 1,8 litro por pessoa no Brasil. Na França foram 53,8l, na Itália 46,5l, em Portugal 45,3l, na Espanha 30,8l e na Argentina 28,4 litros per capita por ano. Fonte: OIV (Organisation Internationale de la Vigne et du Vin).
CAVES
Visitar as caves onde são armazenados os vinhos traz uma grande sensação de paz interior . A escuridão e a umidade proporcionam um grato sentimento de tranquilidade. O bom é parar, sentir os aromas e ouvir o silêncio.
Burmester
Convidados para um almoço pela Adega Alentejana (www.alentejana.com.br) fomos conhecer a Burmester, uma vinícola de origem inglesa. O armazém onde ficam os barris e as pipas é um lugar mágico. O piso de terra e as paredes de pedra dão um ar de uma daquelas tavernas da Idade Média e servem para manter a temperatura interna igual à de fora.
Os vinhos servidos durante o impecável almoço foram o Tavedo e Burmester Reserva 2007. Ambos com características peculiares. O primeiro é mais para o dia a dia, o segundo também, mas pode abrir uma noite especial.
Após a sobremesa, tivemos a oportunidade única de comparar três vinhos do Porto: um Tawny 20 anos, outro de 40 anos e, por fim, toda a sutileza de um Colheita safra 1937, ou seja, produzido a exatos 73 anos. Além, do diferencial na cor e no paladar, o mais importante foi perceber que, em cada gole, você sente a energia de uma época que passou. É como beber o passado no presente. Foi emocionante degustar um vinho que superou todas as circunstâncias de décadas. Esta foi certamente uma das maiores surpresas dessa viagem à Portugal.
Real Companhia Velha
Fundada por Marques de Pombal, em 10 de setembro de 1756, a história da Real Companhia Velha se confunde com a do próprio vinho do Porto e a de Portugal (http://www.realcompanhiavelha.pt) . Seus imensos armazéns guardam safras de vinhos que já foram tomados por reis portugueses e até soldados franceses e ingleses, à época das invasões.
Acompanhados pela guia Joana Oliveira, tivemos o prazer de conhecer o armazenamento do vinho em barris de carvalho e nas garrafas, estas com mais de 100 anos de engarrafamento, à espera de poucos mortais pois o preço é alto. Joana disse que “quando essas garrafas são vendidas, na maioria das vezes os clientes reclamam porque recebem a garrafa limpa, sem o bolor”. Na verdade, além de provar líquido tão precioso, estar em uma das mais antigas caves do mundo foi uma experiência fascinante.
05/07/2010 às 11:14 am
Um dia ainda vou conhecer tudo isso. Maravilha!!!
05/07/2010 às 7:08 pm
Vai ser e será uma maravilha.
10/07/2010 às 12:18 pm
Maravilhoso seu post! Me deu saudades da terrinha! E até eu que não bebo fiquei com vontade de provar esses vinhos kkkk.
11/07/2010 às 6:30 am
Meu caro amigo. parabens pelo trabalho, espero um dia fazer algo parecido. estou aqui em viena tomando bastante vinho. E ainda estou esperando você para tomarmos aquele vinho californiano que guardo a 1 ano comigo. Grande abraço R
11/07/2010 às 5:43 pm
Vai ser um prazer. Aproveite e traga novidades se puder.
[]´s
Muricy
02/01/2011 às 3:27 pm
[…] Porto, a história com sabor e cor julho, 2010 5 comentários […]
06/04/2011 às 9:59 am
Andy,
é deveras emocionante e gratificante ler o que vc publica.
Sobretudo por morar aqui em Portugal.
Apesar de não ser conhecedora de vinhos, até pq, não bebo.
Mas, adoro ler e ver o que vc posta.
Parabéns! E obrigada por partilhar de uma forma tão bem esclarecedora os seus conhecimentos acerca dos vinhos de Portugueses.
Beijo
06/04/2011 às 3:27 pm
Maria,
é com grande satisfação que leio palavras tão generosas a respeito do meu trabalho. Sei que sou apenas um enófilo e fico muito contente em ter uma leitora tão assídua.
[]´s
Muricy